Surdos. Estavam surdos. Eles estavam rasgando-se, não que eles já não estivessem abertos, mas o faziam com descaramento, vontade de contrariar as leis da física e ocupar o mesmo espaço. A luz era só um instante, um detalhe que excitava. Cores derretidas naqueles corpos suados, dois jovens sem sexo. Contraídos, era mais de quatro e quinze ou talvez o tempo estivesse morto. Definitivamente eles pulsavam, quem eles eram afinal? Dois corpos que não se conhecem, estranhos sem rosto, duas bocas e era só. Aquele gosto enferrujado, riscado em suas linguas. Em alguns instantes pude ouvir os dentes se colidindo, eles queriam mais. Um tinha medo, era cauteloso e estranhamente parecia duvidar de suas próprias duvidas. Outro tinha pressa, tanta que sufocava-se dentro dela. Disse-lhe: Venere loucamente, erroneamente. O que eles querem de nós? Segundos de colidição, um atou as mãos do outro. O gênero esta errado eu sei, mas aprendí desde a infância a masculinizar os pronomes. Insisto, o que eles eram?
Não sei te dizer, eles se querem e não sabem. Um paradoxo sem vertentes, o mesmo paradoxo. O mesmo. Mesmo. Elas ou eles eram definitivamente um ser só se masturbando, em público. São demônios andróginos sem livre-arbítrio. São gêmeos.
A dor deles era não saber nem mesmo o que faziam, por que eles não faziam nada, só imaginavam. Um não quer nada e nem ao menos sabe que não quer, outro quer mais do que pode imaginar e mente em silêncio. Eles se odeiam e morrem de nojo, tentam entender a ausênica de sentimento. Os lábios parecem intímos e ainda parecem pré-destinados à aquele ato.
Eu tinha dito, eles não tem livre-arbítrio.
Eles são um só.
São um só.
Um só.
Só.
The theory of transnormativity as solution of conflicts between the
international law and the brazilian internal law.Monografia apresentada ao
Curso de Pós...
3 comentários:
Então...é por isso aí que adoro o que vc escreve! Esse como os outros tem essa intensidade e essa atmosfera gélida... essa puta brutalidade, no entando delicada...tragédias, loucuras, felicidade(?) que atrai, que trai[ do caralho)...Tão fortes que quase cheiram a éter...
Cngtl
Ps: perd�o por n�o passar con tanta frequ�ncia!
Você escreve de uma forma MARAVILHOSA!
Meu, perfeito demais!
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