quarta-feira, outubro 31

Rendas

As mágoas. Élas podem ser três lados de uma consequência infálivel. Ambos, levam ao mesmo precipício: a dor - basta remaneja-lo a sua maneira. Frustre-se, revolte-se ou ignore.

Imagine o peso de encarar tantas délas, inumeras, mas do que você suporta. Não sáiria ileso. Imagine sua vida sem o ventre de sua mãe, sem compreensão ou calidez. Imagine-se de fato acordado sem seus sonhos banais e ilusões. Seus ólhos estão abertos, e não se fecharam. Não.

Dos sonhos arrancados de uma criança, Ice-Box ou a falecida Manoelíta. Forte passagem biográfica de Manoela, narrativa curta, mas tive que me aprofundar no sentimento que quis passar, a tinha em mente desde o ínicio do curso e a concluí sem as observações do "mestre". Confesso que me emocionei no processo, a dor da personae é muito palpável. Mais uma vez quebrando o ritmo. Apreciem.

- O silêncio era ímpar, dominava cada parte do pequenino quarto. As bonequinhas sobre a cômoda e os dedinhos enrolados na colcha verde-cidreira. O olhar estava morto, Manoelíta estagnava-se dentro de seu próprio peito. Enconlia-se na cama velha, tentando esquecer e também, ser esquecida. A manhã cinza começou a caminhar e cortando aquele silêncio todo, um cantar intenso. Ela ouvia vozes e alguns gritos, eram evocações bem estranhas que a amedrontava muito.

- A porta, forazmente aberta, deixou-se penetrar pela velha Ba. Rasgando o ar, balbuciou: Acorde!
Não agia normalmente, em um surto, pegou a pobre criança pelos cabelos insultando-a. A dor era grande, no íntimo a criança, ouvia a voz de sua mãe. Assim passavam-se muitos dias, agressões e insultos. Um após o outro. Rituais estranhos e medo. Somente medo.

- A vida se perdia dentro dela, a amargura tornou-se sua refeição. Ela, já temia aquela expressão, aquela palavra a assombrava, pois era o calgo para toda a dor. "Acorde! Acorde!”.

- Minha menina, morreu, sofrendo bem aos poucos. Doloridamente a cada dia, sem sua mãe. Sem Afeto, sem amor. Ainda que dure, fora devorada por um demônio chamado Ice-Box.

Tenha bons sonhos, querida, sempre estarei contigo.

terça-feira, outubro 30

Anti-Cristo

E, se ainda com estas cousas não me ouvirdes, então prosseguirei a castigar-vos, sete vezes mais, conforme vossos pecados.
Levítico - 26:18

- O pequeno barraco estava caótico novamente, eles estavam jogados aos montes, completamente bêbados e sujos. Era o antro de Manoela. Mas era, ainda, o solo sagrado dos orixás e de sua avó Sebastiana.

- Os gemidos eram intensos, ela olhava para o quarto e ele estava enojante. Tragou com gosto o bolado de maconha e segurou com força o abdômen do careca, ordenando mais força, a cada "cavalgar". Notava-se também um dócil olhar, vindo de uma imagem estática, grande e sólida. Era a Virgem Santíssima sorrindo para as leviandades que eram feitas ali.

- Nina indagava-se quem eram aqueles nas fotografias por todos os lados, enquanto toda a Facção Punk procurava perder a letargia e cair fora. Tinham muitos "trabalhos" para mãe Ba realizar e eles tinham que sumir. Manoela, ainda nua, levantou-se do coito e caminhou até a sala, expulsando-os de lá.

- É desprezível, mas Ice-Box estava vestindo-se, para espancar mais uma de suas vítimas. Preparou seu soco-inglês sabendo que marcará o rosto da bela "patricinha". Ela podia ouvir o choro e os pedidos de misericórdia. E podia ver a cor das notas dentro da bolsa Gucci que ela também furtará. O sangue limpará sua consciência.

- Ice-Box costuma lembrar do nome de suas vítimas, e dessa vez, estava confusa, o nome estava nébulo. Rapidamente saciou seu deslize, quando Nina disse ansiosa: Vamos arrancar o útero da putinha, Alícia vai gritar hoje.

- Não o contentamento, mas mais poder; não a paz a qualquer custo, mas a guerra; não a virtude, mas a eficiência. Os fracos e os malogrados devem perecer: primeiro príncipio deve-se ajuda-los nisso -

Friedrich Wilhelm Nietzsche - O Anticristo.

segunda-feira, outubro 29

Fragmentos Secretos

Não olhe com éssa cara de desespero, seus pecados tem que ser omitidos.

Ainda está me olhando assim?
Este que vos fala mostrará-lhes algumas confissões de um complexado garoto - Rótis meu personagem mais intrigante, escrito só após minha formação mostra mais maturidade, porém, ainda sim fragmentos muito curtos. Contexto de um projeto muito detalhado que desenvolvi ao longo do meu curso. Degustem com parcimônia.

03/07/2004

- A cera da vela manchou todos os meus envelopes. Não sei mais como me livrar deste demônio, não entendo. Me sufoca, me oprime. Não quero ser vítima de meu próprio cárcere. Isaac me contou sobre seu desejo por aquela garota, aquela que só usa meias esquisitas e passa batom vermelho puta.

12/07/2004

- ..."Eles transaram e como se não bastasse o fizeram na minha frente, acreditaram que, poderiam despertar algum voyeurismo em mim, mas tenho nojo de cada palavras que eles dizem. Alícia geme como uma porca grunhenta e Isaac olha para mim com um olhar meio pulsante. É promiscuo, é libertino. Mas não consegui evitar me masturbar mais de dezenove vezes desde o ocorrido. Eu sou nojento, preciso me curar"...

05/08/2004

- Não posso viver mais, não agüento esta pressão, preciso respirar. Tomei duas caixas de Benflogin tentando morrer, mas consegui apenas sofrer mais. Machuquei meu pênis, o cortei com meu atame e mal posso urinar. Pretendo parar de sentir esses desejos, isso é demoníaco, está se tornando bizarro. Preciso de recato.
Comprei mês passado um maço de cigarros enquanto estava em Londres para dar a ele, mas ainda está guardado
Chama-se Danhill, não é assim que se escreve, é Dunhill.

domingo, outubro 28

E então...

A veracidade de muitos fatos, anda se confundido com nossa capacidade de transliterar!

Se ofuscar dentro de sua condição social ou de sua capacidade de se dar bem sempre, não te faz, definitivamente, alguém menos culpado. Mesmo que esta culpa, seja para você, aceita como sua verdade, seu dogma.
Lidar com tais habilidades pode ser precario, você simplesmente pode ligar o foda-se e automatizar ou então aprende a surtar de maneira requintada, para não ir se culpar dentro de um manícomio!

Assim de maneira fria, apresento-lhes - Isaac, um joven que consegue equilibrar seu medo, com o que de fato "irão pensar" dele!
Desenvolvido logo no ínicio do meu curso de Roteiro (Quanta Academia de Artes) sob os olhos e críticas atentas de Octávio Cariello.

Cabañas

- Isaac meio letárgico, desperta... Ainda cedo, lembra-se por um instante do gosto da vodka, que beberia ao se levantar. Ele sente algo molhando seus pés e deitado inclina-se para ver o que é.

- Ele grita, ofegante ao ver Rótis com um furo atravessando da boca até a nuca. Na mão ainda dentro da boca, a Colt 38. O sangue, algumas partes viscosas espalhadas pela cama. Isaac treme ao tocar o cadáver e se pergunta qual a razão de ter o feito.

- Lembra-se imediatamente de seu poderoso pai, aquele velho cubano ranzinza, que deu absolutamente tudo que ele sempre almejou. Lembra-se também dos meios obscuros que o velho Hernandez utilizou para se tornar o maior fabricante de armas e munições ilegais de Cuba. Ele pode resolver tudo, foi um mal entendido e Isaac depende dessa afirmação.

- Isaac ofegante, procura o telefone de seu pai, ele deve estar no escritório, são cinco da manhã e ele sofre de insônia. Ao falar com seu pai, Isaac explica brevemente o ocorrido, friamente ouve que deve permanecer em seu apartamento e manter tudo em silêncio, logo chegaria alguma "ajuda".

- Procura seu Lucky Strike mas não encontra, ele então pega nas calças de Rótis um maço de Dunhill. Dunhill? Onde é que ele encontrou este cigarro na cidade?
O gosto é o mesmo dos lábios do garoto.

- Ele sente medo e permanece estático em frente à porta de saída de seu apartamento.

- As seis e pouco, tocam a campainha. Orientado, ele entra em um Corvette 1989 na garagem de seu prédio, enquanto aqueles “caras” iam esconder uma morte que nem a ele pertencia. Isaac levava consigo o maço de Dunhill e antes que pudece reconhecer o caminho, sentiu-se completamente só.

- Ele chega no ninho de ratos ou escritório, como seu pai chama aquele lugar fétido. Entrando em uma saleta úmida sente o aroma do charuto de seu pai, aqueles charutos cubanos o fazia lembrar de sua infância incinerada por aquele cheiro. O velho indagou como ele poderia deixar aquilo ter ocorrido. Mas Hernandez estava mais perturbado com o fato de ter um garoto de cuecas no quarto de seu filho, do que este, estar morto.

- Passa-se algumas horas dentro da saleta, Isaac já sabe o que fazer, mais calmamente, o velho diz a ele que volte para seu apartamento depois das nove da manha e que tudo estaria resolvido. Isaac estava transtornado, e não pensava em mais nada além daquele medo todo e na fumaça do Cabaña que seu pai não parava de tragar.

- Caminhando entre becos, ele lembra-se repentinamente, de que alguém mais sabia que Rótis estava com ele. Era Alícia, ela tinha o procurado, horas antes e o visto com Rótis.

- Apressadamente ele caminha até a casa de Alícia, e assim atrás dela ele passa algum tempo. Já exausto e muito inquieto, viu que passava das dez e ele não iria encontra-la.

- Talvez ele tivesse ignorado o fato dela estar totalmente machucada quando o procurou. E que havia a tratado com tamanha desdenha e ignorância.

- Retornou ocioso até seu apartamento. Abrindo a porta lentamente, entrou e sentou em sua poltrona, percebeu que os caras haviam sumido com todo o sangue e com o corpo de Rótis também. Não se sentia bem, era como se Rótis ainda estivesse dormindo no quarto e que a qualquer segundo levantaria atrasado e iria embora.

- Ascendeu mais um cigarro, quando o telefone tocou. Hernandez justificou, que tudo estava resolvido. Isaac revelou que Alícia tinha o visto com o garoto. - Nada com o que se preocupar! - Hernandez afirmou. Ainda sim tinha tudo sobre controle.

- Logo após desligar o telefone, Isaac, recebe outra ligação, um oficial de justiça o intimando a depor nessa mesma tarde. Isaac perde a voz, gagueja e por um instante imagina ter sido incriminado. Quando pergunta por que motivo deveria depor. O oficial revela o nome de Alícia. - Mas como ela poderia saber? - quando o oficial revela a ele que, a garota havia suicidado-se nessa madrugada e a policia interrogaria a todos que a viram naquela noite.

- Isaac desliga o telefone, e olha pela janela, ele vê a rua e sorri. Um sorriso nervoso. Porém, aliviado de ter descoberto que Alícia também era tão tola quanto Rótis. Isaac termina o maço de Dunhill, segurando suas reações. Quem acordaria afinal?

sábado, outubro 27

Abrindo os portões.

Dos eficazes

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